Um texto de Caio Fernando de Abreu

“Lá está ela, mais uma vez. Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela não se cansa disso. Sabe que tudo acontece como um jogo, se é de azar ou de sorte, não dá pra prever. Ou melhor, até se pode prever, mas ela dispensa.
Acredito que essa moça, no fundo gosta dessas coisas. De se apaixonar, de se jogar num rio onde ela não sabe se consegue nadar. Ela não desiste e leva bóias. E se ela se afogar, se recupera.
Estranho e que ela já apanhou demais da vida. Essa moça tem relacionamentos estranhos, acho que ela está condicionada a ser uma pessoa substituta. E quem não é?
A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas?
A moça…ela muito amou, ama, amará, e muito se machuca também. Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar.
Às vezes esse alguém aparece, outras vezes, não. E pra ela? Por quem ela espera?
E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará.
A moça – que não era Capitu, mas também têm olhos de ressaca – levanta e segue em frente.
Não por ser forte, e sim pelo contrário… Por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo.”

Homens cafajestes são às vezes mais sinceros que os sérios sedutores

Cuidado com os sérios sedutores! Os homens estão cada vez mais  mandando sinais errados e nós caímos na cilada . Os homens sedutores são um perigo ao nosso coração. Quando eles te conhecem e se interessam, ligam insistentemente, mandam mensagens por telefone, marcam encontro, planejam viagens, pedem em namoro.Demonstram tanto interesse que nos fazem acreditar que sim, eles são os homens certos. E quando você, como presa entregue, se imobiliza ao caçador, lá vem o tiro certeiro. Eles fogem, largando você com todos os questionamentos: Por que não deu certo? Onde errei? Na verdade, esses homens, diferentemente dos cafajestes que conhecemos de cara, que nada prometem, nunca ligam no dia seguinte e possuem uma reputação horrorosa, nos machucam muito mais. É muito mais fácil lidar com os cafajestes! Você sabe o fim, tudo é previsível. Já os homens sérios, ou revestidos de seriedade, destroem o que você tem de mais otimista, a esperança em encontrar um parceiro, que possa estar sempre com você. O sentimento com o tempo se dilui e você com o tempo os esquece, mas a aprendizagem fica. E o que aprendemos é acreditar menos. Triste isso, ainda mais vindo de nós que somos tão sensíveis e prontas para o amor. Questiono-me se da próxima vez que encontrar um desses,cara a cara, não rirei das juras de encontros, dos planos de viagem, se os chocolates não terão um gosto amargo. Esses homens que reclamam de mulheres fáceis demais, não conseguem vislumbrar a beleza de nossa ingenuidade. E assim os relacionamentos vão se transformando, nós vamos nos tornando mais incrédulas, e eles continuam se divertindo do mesmo jeito. Onde estão aqueles homens como os nossos pais? Aqueles que namoravam por algum tempo, enfrentavam as brigas de namoro e voltavam? Estou eu me iludindo mais uma vez? Os sinceros sedutores são cafajestes disfarçados? ou simplesmente não estavam tão interessados assim....mas e as viagens? e os chocolates? e os telefonemas? e os altos papos de madrugada ao telefone? para que perder tempo com isso? Ora, os cafajestes nada disso fazem e ainda conseguem o que querem . Estou querendo que todos os homens virem cafajestes autênticos e que a raça dos sérios sedutores se extermine.Só assim , mulheres românticas como nós que buscam por relacionamentos mais sérios e sempre acabam ficando sozinhas,deixem de buscar e idealizar esse tipo de relacionamento..... mas...convenhamos... antes só do que machucada !  C'est la vie! Carpe Diem !

Fuinha !

Acordei com uma cara de fuinha! São as férias! Eu fico ansiosíssima para que elas venham, mas dai não ter horário para cumprir, ou ter que diminuir a velocidade da minha vida me dá uma agonia. Ainda que eu tenha muitas coisas pra fazer,  fico prorrogando me dando a desculpa "estou de férias". Ou seja, não relaxo e nem trabalho. Fico vagando pela casa, faxinando as gavetas, quer coisa mais enfadonha. Ocupo-me assistindo aos filmes, ouvindo música, lendo.... mas o que realmente me consome , é esse computador.Estou com saudade das minhas crianças, da minha escola, daquela rotina que me enlouquece. O pior que eu sei que daqui poucas semanas, lá estarei eu requisitando férias. Sou uma pessoa insaciável.....e para dar uma alegradinha no meu dia e nesse blog...uma música

 essa música combina um pouco com o meu humor ...rs

Manhã preguiçosa

Hoje ainda acordei desesperada porque o relógio não havia despertado. A aflição durou poucos minutos quando me lembrei  que não tinha que ir trabalhar. Que sensação maravilhosa poder esticar na cama, sem tempo para levantar. Fiquei por ali por mais alguns minutos, pensando na noite anterior. Tentei lembrar os detalhes, mas a mente ainda embriagada, não conseguia. Tive novamente a certeza que havia colocado a carroça na frente dos bois. Embora desta vez eu não estivesse arrependida, o sentimento de medo da rejeição que certamente viria a seguir, me assombrou. Lembrei-me  mais da minha voz do que da dele. Que chato! Por que falo tanto? Queria emudecer de vez em quando. As imagens, como fotografias, lindas! Tive que levantar a procura de um remédio que acabasse com a dor de cabeça. Ao caminhar pela casa fui encontrando as pistas. Taças de vinho, garrafas vazias, frios pela mesa, luzes acesas. Fiquei com uma preguiça de arrumar tudo aquilo. Pensei no meu dia. Tinha que me organizar para as coisas que tinha agendado. Abri a janela e vi um dia lindo! Pensei  em viajar pelas redondezas. Almoçar na cidade vizinha. Ao pegar meu celular vi mensagens que não tinham sido respondidas. Não era possível respondê-las mais. O interfone tocou. A voz dizia sobre uma encomenda que havia chegado. Que encomenda? Esses porteiros! Olhei para tudo , fui andando até o quarto e então disse a mim mesma: Que todas as atividades do dia e pensamentos da minha mente esperem mais um pouco, vou dormir mais um tiquinho, afinal estou de férias.

Eu uso óculos !

Nessa manhã fiquei estarrecida em pensar nas conseqüências  dos  atos de pessoas que não tem a mínima idéia do que se passa em nosso “backstage”.  Recordei-me do filme Babel, um drama com Brad Pitt , a maravilhosa Cate Blanchett e Gael Garcia.Nesse filme, situações basicamente banais acabam se transformando em desfechos inesperados.

Em um ambiente de trabalho, entretanto,  punir ou prejudicar alguém pode saboroso para alguns e tão difícil para outros.Ainda mais quando se assume realmente estar errada, dai pouco adianta justificar e as conseqüências são pesadas, as vezes irreversíveis.Compreendo que também não dá para sair perguntando para todo mundo os atos precedentes de cada pessoa, isso nos negócios  poderia levar ao caos. Mas hoje vendo uma amiga se desesperar, nervosa e sabendo dos momentos difíceis que ela está passando, me comovi. Como é difícil lidar com os cegos da linguagem corporal. Todos nós demonstramos com nosso olhar, com os nossos ombros, nossos gestos em geral , todas as nossas aflições. Mas existem aqueles que não veem. Enxergam mas não veem. Não seria essa a hora exata de poupá-la um pouquinho? O profissionalismo deve mesmo ultrapassar todas as artérias e prevalecer?  Ficar sem uma profissional como ela pode ser catastrófico, caso ela venha desistir. E para quem não entendeu patavina do que eu escrevi, assista ao filme. A verdade é que estou cansada desse profissionalismo míope que nem de perto compreende as perturbações daqueles com quem se convive.

A Smart child :)

_ Oh teacher !

_ Yes!

_ Você pensa primeiro em português para falar inglês?

_ No I don't.

_ Eu penso.

_Do you ? It is natural. One day you will be fluent.

_Você fala inglês o tempo todo?

_In English please!

_ Do you .....Do you .....é....Do you speak English.....o tempo todo?

_ All the time.

_ É...all the time

_ Repeat the sentence please...Do you speak English all the time?

_ Aiiii ...Do you speak English all the time?

_ No, I don't .I speak Portuguese too.

_ e.... Do you speak English with your son?

_ I don't have a son. I have a daughter.

_ Do you speak English with your daughter?

_  Yes, sometimes.

_ Oh teacher! Do you speak English with your marido?

_  husband.

_ É  husband.

_ Complete sentence please.

_ Ai teacher ...Vou ter que repetir tudo de novo?

_ Yes.

_ Do you speak English with your husband?

_ No, I don't have a husband. I had one but I don't have anymore.

_ Hum .e ....Do you have a boyfriend?

_ That is for me to know and you to find out.

_ pra "mim"o que?

_ pra "eu" o que?

_ Que?

_ Forget it!

_ Oh teacher ....é muito complicado falar com você viu.

_Is it ?

_ Yes.

_ Yes, it is. repeat.

_ Aff....é por isso que você não tem marido!

_ Yes, I guess so. rs

Sr. Ragú e Dona Petit Gateau

_ Quer jantar comigo?
_ Quando?
_Amanhã.
_ Não posso. Dou aula.
_ Depois da aula.
_Então tá.
_Vamos comer Ragú. Já comeu?
_Não. É bom ?
_É simples, mas é bom.
_ Perfeito. Gosto de coisas simples.
( no restaurante )
_ Vinho ?
_ Sim .
_ Eu não quero vinho , quero cerveja.Mas está tão frio .....vou tomar vinho mesmo. Tá vendo, eu sou o próprio ragú. Simplório. Não combino com você.
_  Por que não?  e se você é um ragú o que eu  seria?
_ Você ...elegante assim ....ahhh... um petit Gateau.
_ E mesmo elegante, não posso ser simples?
_ Pode.
_Petit Gateaus podem ser enjoativos, engordativos.
_ Nada disso . Você é uma delícia.
_ Obrigada.
_ De nada.
( em casa )
_ Gostou da noite?
_ Adorei.
_ Nos vemos amanhã?
_ Não sei.....Boa noite Sr. Ragú.
_ Boa noite Sra. Petit Gateau. Vê se liga.
_Ok.

Exagerada..jogada a seus pés....

Aos quarenta e cinco anos de idade, em uma sessão de terapia, minha psicóloga desconfiada que eu fizesse parte de um grupo de pessoa que sofre de Transtorno de Déficit de Atenção, TDA, me indicou um livro: "Mentes Inquietas" de Ana Beatriz Barbosa Silva. Eu me surpreendi com a indicação, mas comprei o livro e prontamente comecei a lê-lo. Parecia mais uma autobiografia. "_ Muito bem" disse a mim mesma, sou TDA e agora faço o que com essa informação já tão adulta? Não obtive uma resposta. A resposta, talvez, venha somente com um tratamento intenso.

Prossegui lendo e durante a leitura o que mais me surpreendeu no livro todo foi um dos capítulos cujo subtítulo é: Os últimos românticos: Emoção em excesso e escassez de razão. Nesse capítulo é mencionado o quanto é fácil se apaixonar por um TDA, mas que é também um grande desafio. Segundo a autora, os relacionamentos com um"TDA"  podem ser complicados. E afirma: “ é difícil ultrapassar a explosão inicial e estabelecer uma relação afetiva duradoura de crescimento e respeito mútuo" .

Nossa! E como isso tem sido um fato em minha vida. Eu tenho a enorme capacidade de expor os meus sentimentos verbalmente nos primeiros dias de relacionamento. Não existe em mim um controle dos meus impulsos, sinto a necessidade de dizer tudo para que as verdades se tornem mais fortes.

No entanto, essa explosão de sentimento transfere à outra pessoa uma responsabilidade que ela não tem, até mesmo por que não está no mesmo processo explosivo. Conseqüentemente, existe um recuo por parte do outro, por precaução talvez, pessoas sensatas geralmente fazem isso.   O maior problema, no entanto vem a seguir, porque quando a relação não dá certo a reação do TDA é um desespero exagerado, geralmente acaba se humilhando  pela atenção do outro. Mas, quando lhe resta um pouco de auto- estima o TDA resgata forças e consegue tomar uma atitude radical e deletar tudo que foi vivido. 
Deletei uma pessoa há três meses , no início achava que não conseguiria  sobreviver sem ele , mas ontem em um casual reencontro , eu pude concluir que tudo não passou de um grande exagero, e que o sorriso dele ainda é o mais bonito que eu já vi.

"Quero uma verdade inventada" Clarice Linspector

Tudo é muito complicado para mim quando se trata de relacionamento. Acredito que não tenha sido educada emocionalmente para lidar com isso. Já ouvi amigos dizendo que estão cansados de mulheres fáceis demais, mulheres burras demais, mornas demais. No entanto, o que se vê é que quando adjetivos opostos são encontrados em uma mulher, também é assustador. Vamos detalhar os itens: O que é ser fácil demais? Ir para cama com um homem na primeira noite? E se a intensidade dessa noite for a intensidade de uma vida toda para essa mulher? Que injusto os homens nos julgarem assim tão facilmente. Se demoramos um pouco mais, estamos enrolando, jamais consideram o fato de estarmos apenas gostando de seduzi-los. E quando seduzimos , estamos sentenciadas a um final breve.Afinal, se já conheceram tudo, o que mais tem a ser descoberto. É como se fôssemos a um restaurante, pedíssemos um prato, e só por esse único prato  descobríssemos todo o restante do menu. Pobre do "chef de cousine" que se inspirou tanto para tentar ser diferente! E quais são as  mulheres burras demais? Aquelas que dão mais atenção as coisas "fúteis" do que aos fatos jornalísticos? E por que o contrário não é verdadeiro? Por que não chamamos os homens de burros por não terem a mínima noção da diferença da cor "rosa chiclete" com "rosa bebê" . Oras, isso requer certa dedicação, não? E as mulheres mornas demais? Se formos fogosas, somos galinhas, se formos morninhas somos insípidas. Estou cansada de pensar como agir em cada relacionamento. Jogos amorosos  estressam. Na verdade nem sei ao certo se um dia joguei. Isso é mais papel deles. Afinal a ligação do dia seguinte tem que vir deles, caso contrário demonstrará demais nossa enorme afeição. E não é uma delícia receber carinho? Ser afetuosa? A verdade é tão transparente. Conseguimos enxergam quando eles gostam da gente, mas eles insistem em não se prenderem. Ainda acredito que pessoas possam se envolver umas com as outras, passar horas juntas, tratar-se como namorados que se beijam, transam  e não querem se machucar. Viver relacionamentos intensos  pode ser muito perigoso, o estrago pode ser enorme, mas também é, com certeza, deliciosamente inesquecível.Então em  meu primeiro blog eu cito essa mulher que não canso de repetir que teríamos sido grandes amigas. "Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é possível fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada." Clarice Linspector